Waldir Carvalho e a alegria de caminhar pelas ruas de sua cidade)
(Foto:Gerson Gomes)
Narra o autor no livro “Se não me trai a
memória”(2003):
“Quando pensei publicar o meu primeiro
trabalho em forma de livro veio a ideia de mencionar a figura de Nhanhá - uma contadora
de histórias que despertou em mim o gosto pela escrita.
Nhanhá
era uma criatura simples, analfabeta, pitava cigarro de palha e em noites de
luar, quando estávamos no terreiro de casa descascando milho em mutirão com os
vizinhos, ela vinha nos ajudar e contar histórias.
Com
seu linguajar fora da gramática, ela contava com riqueza de detalhes e natural
suspense histórias de príncipes, como ninguém. Sabia os “Contos da Carochinha” de
cor, embora - como disse - não soubesse ler.
Foi ela quem primeiro cantou e dançou para
nós(tocando castanholas com os dedos) a célebre “Mana Chica do Caboio”
Assim... soube tornar embevecido esse
menino, que viveu o bastante, para pôr no papel o que viu e ouviu encantado...
Se assim não aconteceu (ser a narrativa
que fiz acima, parte do meu primeiro livro) foi porque achei que ao narrar um pouco da História de Campos dos
Goitacazes, estaria abrindo o caminho para a ficção – filha que é da realidade.
Mesmo assim, estou certo em reafirmar que
ela com seus contos, seus cantos e suas danças foi quem me fez despertar para
as letras.
Visto isto, conto aqui a minha introdução
como escritor com o “Gente que é nome de Rua”: depois de uma trajetória de
produtor de novelas,programas humorísticos,rádio teatro,etc... pelas Rádios
Cultura de Campos e Jornal Fluminense passei a produzir(a partir de 1978) um
trabalho semanal,na “Campos Difusora”,intitulado :”Nossa Terra/Nossa Gente”. Nele,
criei uma subseção chamada “Gente que é nome de Rua”.
Então, me ocorreu a ideia
sobre o livro.Escreveria com esse título,um trabalho para-didático,visando ir
ao encontro de estudantes e estudiosos
da história de Campos.
Lançado o primeiro volume em
1986, veio o segundo volume(1988) e o terceiro em 2001.”