domingo, 31 de dezembro de 2017

A DESPEDIDA DE WALDIR CARVALHO (10 anos)


Nota do blog.:  HJ completam 10 anos ,que  -Waldir Carvalho - nos deixou.
Reproduzo,pois, uma que escrevi no dia de sua despedida e publicada em "O Monitor Campista"(31/12/2007)
Esboço de uma crônica  
      Walnize Carvalho
       Farol de São Thomé.
      Tarde chuvosa da primeira segunda-feira do ano novo.
      Na casa de veraneio da família a presença dos meus filhos e netas preenchem o vazio por ele deixado.
      Ajeito-me a um canto na tentativa de escrever.
      Inicio.
      “Para quem escreve crônica (relato do dia-a-dia) nada mais natural falar sobre o nascimento de uma flor, o viver simples de um trabalhador, ou o fenecer de uma árvore centenária. Coisas do cotidiano...”
      Não. Não é assim que gostaria de me expressar...
      Recomeço.
      “De há muito me despedi dele. Sem poder nos comunicar, trocar ideias, bater papos literários...”
      Não. Não está bom. Rasgo o papel.
      Agora vai.
      “Dezoito horas do último dia do ano de 2007. A minha não disposição para ceias e comemorações já era indício de que sua travessia estava próxima...”
      Paro.
      Valentina (a neta mais nova) se aproxima. Apanha a caneta de minha mão e rabisca o texto.
      Dou-lhe um afago e consigo resgatar a esferográfica e retomar a escrita.
      Tento rearrumar as ideias.
      Olho à volta.
      “A casa amiga, sua cadeira, seu chapéu (não usava boné) e a rede esperavam por ele neste verão...”
      Sou interrompida por Guilherme (meu filho mais novo) que, emocionado, fala: - Vou à praia. Usarei o chapéu de palha de vovô.
      Reinicio.
      “Na hora do Ângelus ele disse adeus...”
      As netas Giulia e Clara pedem: - Vó, podemos tomar sorvete com as amigas? Balanço a cabeça de forma afirmativa. Elas saem.
      Gustavo (meu filho mais velho) descansa e nina a filha na rede.
      Com o silêncio da casa, aproveito para ver se, finalmente, consigo juntar palavras.
      “Amigo. Homem educado. Pai exemplar...”
      Cerro as pálpebras. Sua imagem aparece diante dos meus olhos. Ouço sua voz suave: - Tenha calma!
      Quem sabe, optar pelos agradecimentos? “Aos amigos, as matérias veiculadas na imprensa, as homenagens no rádio, telefonemas, e-mails, citações em blogs, mensagens via celular, vaso de flores, bilhetinhos, lágrima do vizinho, aperto de mão do desconhecido...”
      Não. Posso esquecer de alguém...
      Recomponho-me e concluo: Estar em família (seu bem maior) é uma bela forma de reverenciá-lo.
      Relaxada, releio um antigo texto seu: “Lua cheia em São Thomé”.(*
      Espero, quem sabe, na próxima lua cheia caminhar até a praia e diante dela encontrar serenidade e sabedoria para aí, então, escrever a crônica que você, meu pai, é merecedor.  
(*)LUA CHEIA EM SÃO THOMÉ
                                               Waldir Carvalho
        Findou-se a tarde em companhia do sol que caiu cansado nos braços da serra do Itaóca. A pálpebra da noite desce irresistivelmente sobre a nossa cabeça.
Tudo indica que o manto escuro que nos envolve, impedirá até mesmo que haja a luz das estrelas.
Da quietude da varanda, ouve-se o canto das ondas lá do mar, o ambiente é de paz em nossa volta. Há um pouco de tristeza sem motivo a nos invadir o pensamento.  
 Mas, os instantes que se seguem, são prenúncio de uma alegria incomum: somos, então, atraídos para o horizonte na direção do nascente.
A iluminação indireta que se projeta do fundo das águas, embeleza com requinte o proscênio do palco, onde a natureza, em pouco irá representar.
Não há no espaço nuvens privilegiadas a serem banhadas de prata em primeiro lugar. Só o azul do céu serve de prisma e é capaz de traduzir o esplendor que não tarda.
Silêncio. O momento é místico e a cena sagrada.  O mar, o vento, tudo se curva com
reverência ante o grande altar. Por trás do imenso cálice que se transborda cá na areia, eleva-se a grande hóstia para a comunhão das criaturas. Nossa alma, nesse momento de contrição, se faz em prece.
Não custa nada orar pelos homens que podem  promover a paz. Vale a pela convencê-los a amar uns aos outros. Provando que o amor é a única força capaz de garantir a felicidade do mundo, a lua cheia que segue a sua jornada por entre os astros do firmamento, vai derramando, fraternamente, sua luz bendita sobre justos e injustos,sobre crentes e ateus, sobre árabes e judeus, na esperança, talvez, de que um dia a paz seja, também, de todos — Universal.

      







terça-feira, 26 de dezembro de 2017

WALDIR À CAMINHO DA PRAIA DO FAROL DE SÃO TOMÉ (1933)

 
RECORDANDO
Waldir Carvalho
“A folhinha açoitada pelo nordeste, assinalava 21 de janeiro de 1933. Com os meus dez anos incompletos e a minha calça curta de suspensórios, cavalguei pajeado pelo bom Antônio, durante horas infindas por toda a imensidão dos campos da Boa Vista, deixando para trás: Santo Amaro, Andreza e Cotia.
O vetusto solar que havia abrigado o general Pinheiro Machado e que se constituía no “sobrado” dos Irmãos Saldanha, foi o primeiro motivo de admiração para meu espírito de criança.
Penosa a caminhada, mas a busca do desconhecido, dava- me ânimo necessário para prosseguir.O canto lúgubre do vento a lamber incessantemente a planície sem fim,parecia-me com o gemido de almas penadas de histórias que ouvi de Balabá,ou quem sabe, com o lamento perdido, a vagar pela região, dos escravos de Juca Pinto.
A emoção me trancava a garganta, qualquer expressão de regozijo. Meus olhos, tais quais pernas de compasso passeavam livres  do Xexé ao Algodoeiro, à procura de nem sei o quê.As andorinhas, aos bandos faziam verão e lembrando as donzelas desconfiadas da redondeza,se mostravam incapazes de cair neste ou naquele laço.Os urubus,em atenta observação junto às nuvens pareciam planejar o próximo banquete.
Eis que algo de novo aconteceu. A paisagem ganhou nova dimensão, surgiu um novo atrativo para os meus olhos já cansados de belezas:  o Farol! São Tomé à vista! Era preciso ver pra crer...
O tapete aveludado, onde as codornas se escondem dos cães, permitiu que os cascos impiedosos do animal, o pisassem, enquanto a alegria ia crescendo na alma do pequeno e curioso viajante.
Enfeitando o solo de turmalina, divisava-se o prateado de um estreito e retorcido riacho. Uma ponte, tão rústica me levou a imaginar, tenha sido obra dos “heréos” na efêmera temporada na terra goitacá.
A brisa que soprava agora era mais agradável. Tinha a frescura  da maresia.
Guiado pela carreira de postes telegráficos fui seguindo ao ritmo massacrante do trote que me oferecia o meu cavalo. E o Farol, marco legendário perdido naquele deserto de areias cor de gemada,ia crescendo,crescendo,se agigantando.Majestoso!Uma pausa para descanso do quadrúpede amigo e para contemplar abismado os cinqüenta metros de construção metálica,sustentando o volumoso projetor de fabricação francesa.Ali estava o guia dos navegantes e dos retardatários peões da Fazenda Boa Vista.
Mais adiante, o ponto alto do espetáculo: o mar. Indescritível o que senti naquele momento. A vastidão oceânica tinha um aspecto fantástico. O belo (a cortina que se abria)  e o horrendo (o ronco, como um trovão, que se elevava de suas águas revoltas) se mesclavam: a ondulação iniciada ao longe ia se avolumando ao se aproximar da terra firme formando uma curiosa cordilheira, para em seguida derramar-se -  violentamente -sobre indefesos crustáceos, e culminar beijando a areia carinhosamente.
 Há dois palmos acima das ondas, um pássaro malabarista, preparava-se para fisgar um peixe...
Tudo tão maravilhoso,tão real ainda hoje em minhas lembranças, que ouso dizer,encarnando o menino que julgo sempre ser ,afirmo que ótimo foi o tempo,que no dizer de Casemiro de Abreu, “os anos não trazem mais”!...
 (Verão/94)


quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

NATAL DE 1965

Do livro: “CAMPOS DEPOIS DO CENTENÁRIO” – Volume II
(Waldir Carvalho )
          

PREFEITURA SORTEOU CARRO

   "22 de dezembro de 1965. A Prefeitura lutava por receber o máximo dos impostos.
   Com o apoio do Prefeito e do Secretário instituiu através do Departamento de Pavimentação e Conserva, perante os contribuintes que pagavam em dia seus débitos o sorteio de um carro zero quilômetro.


   Com os cupons entregues no ato da quitação  o sorteio foi feito na data acima citada."

terça-feira, 14 de novembro de 2017

ESTAÇÃO DA AVENIDA (1951)

Estação Avenida

Do livro: "CAMPOS DEPOIS DO CENTENÁRIO" - Vol. 2.
(Waldir Carvalho)

   "Em junho de 1951, a antiga "Estação da Avenida", ponto de embarque e desembarque diário de passageiros dos trens da Leopoldina, com destino a Atafona e Santo Amaro, deixou de funcionar.
   O fechar de suas portas foi como uma nuvem negra impedindo a luz do luar, naquele 31 de maio de 1952, que assinala a sua paralisação definitiva.
   A construção do curioso prédio em forma de arco, que ficava no antigo Passeio Municipal, bem em frente à então Rua das Palmeiras, data do século passado (o volume 2 foi editado em 1995).
   Sua inauguração, que foi um ato festivo, ocorreu no dia 10 de outubro de 1889. De um lado ficava a sala do Agente e telegrafistas, do outro, o armazém para as cargas recebidas e despachadas.
   Durante a primeira gestão do Dr. José Alves de Azevedo como Prefeito de Campos, já não havendo mais o prédio utilizado, a velha estação, que havia prestado relevantes serviços durante 62 anos, foi destruída.
   Para sermos precisos, a derrubada teve início no dia 14 de setembro de 1952, o término se deu em 30 de novembro de 1953.
   Pena que aquela construção singular, espécie de pavilhão de feira de amostra não tenha permanecido como os arcos da Lapa no Rio de Janeiro, assinalando uma fase de progresso para Campos! Que fazer? Até o Teatro Trianon não teve outro destino!"

sábado, 11 de novembro de 2017

WALDIR E AS TROVAS para filhas, netos e bisnetos

                                          Waldir e filhas:Walnize,Zedir e Zalnir

                                                           A bisneta Giulia
                                                                     A bisneta Clara
                                                      A bisneta Valentina


                                                       O bisneto Luiz Maurício
                                 As bisnetas:Letícia e Liz
   
(DO Livro:"SE não me trai a memória)
   Aqui , pois, junto as  trovas por ele escritas, as fotografias:




Para a filha Zedir:

Sonhamos com o porvir
fruto de um amor profundo;
O céu nos mandou Zedir
E cresceu o nosso mundo.


Para a filha Walnize:

Bela cena da história
È Walnize, a canção
Inspirada na vitória
A saudar o coração.


Para a filha Zalnir:

Peça feita de candura
E anseio imorredouro
Que Zalnir,com sua ternura
Fechou com chave de ouro.


Para os netos:

Para Gustavo
 A sua presença criança
Só me inspira meiguice
 É vida, amor, esperança
Marco da minha velhice.

Para Guilherme
Meu avô: Guilherme I
Meu tio: Guilherme II
Meu neto: Guilherme III
Há um novo império no mundo.

Para Frederico:  
A Frederico com afeto
A minha trova com amor
 A emoção de cada neto 
fez de mim um trovador.

Para Fábio:
 Neto, no dizer do sábio
É um filho em duplicata
 Aí está o nosso Fábio
 Somos pai-avô, na exata.

Para Maurício
Maurício tão esperado
Chegou. E quanta emoção
Nosso time tá formado
pro futebol de salão.


Para Rafael:
 Rafael, o seu sorriso
Faz lembrar o amanhecer
É o sol que agora diviso
Neste meu entardecer.

Para os bisnetos:

Para Giulia:
 No céu de minha esperança
Uma estrela apareceu
a nossa Giulia-criança
Sol de quem envelheceu.

Para Clara:

Clara! Luz celestial 
Que Deus nos deu por guarida
A iluminar sem igual
O ocaso de nossas vidas.


Para Valentina:

Valentina é um bem colhido

com amor e com ternura

E este Matusalém lhe deseja



Vida plena de Ventura


Para Luiz Maurício:

O primeiro bisneto
que alegria me traz
ofereço com afeto
meu carinho, amor e paz.

 Nota do blog.:Depois nasceram Letícia,Liz e VLADIMIR que não tiveram a sorte do convívio com o   “biso”...


quarta-feira, 8 de novembro de 2017

LIRA GUARANI


                                    Waldir Carvalho
                            (Publicado no jornal "A Cidade" em 1997)

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

CEMITÉRIO DO CAJU (1955)

Cemitério do Caju
(Foto como ilustração do deandreambiental.blogspot)
CAJU - 100 ANOS
Do livro: “Campos depois do Centenário” – volume II
(Waldir Carvalho)
    “A 25 de outubro de 1955 era comemorada em Campos, uma efeméride, para muitos inesperada: O CENTENÁRIO DO CEMITÉRIO DO CAJU.
    A solenidade, conforme determinação do prefeito João Barcelos Martins foi programada para o dia 02 de novembro, próximo – Dia de Finados.
   Nota do blog: Nas páginas 153 e 154 do mesmo livro constam : a programação dos 100 ANOS DE FUNDAÇÃO DO CAJU, bem como o HISTÓRICO  DO CEMITÉRIO.
                             

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

JOSÉ DO PATROCÍNIO :"O TIGRE DA ABOLIÇÃO"

                                  Do livro:" GENTE QUE É NOME DE RUA"-volume I
                                                               (Waldir Carvalho)

Nota do blog.: O soneto acima foi extraído do referido livro e dá início a vasta biografia de JOSÉ DO PATROCÍNIO  narrada pelo autor .
        José do Patrocínio é nome de rua em sua terra natal:(Campos dos Goytacazes).

Rua JOSÉ DO PATROCÍNIO:Início - R.Ipiranga
                                                 Término - R.Dr.Lacerda Sobrinho

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

RUA QUE NÃO É NOME DE GENTE:RUA DA QUITANDA


Do livro:"Rua Que Não É Nome de Gente"
                                                                ( Waldir Carvalho)