“Quando pensei publicar o meu primeiro trabalho em forma de livro veio a ideia de mencionar a figura de Nhanhá - uma contadora de histórias que despertou em mim o gosto pela escrita.
Nhanhá era uma criatura simples, analfabeta, pitava cigarro de palha e em noites de luar, quando estávamos no terreiro de casa descascando milho em mutirão com os vizinhos, ela vinha nos ajudar e contar histórias.
Com seu linguajar fora da gramática, ela contava com riqueza de detalhes e natural suspense histórias de príncipes, como ninguém. Sabia os “Contos da Carochinha” de cor, embora - como disse - não soubesse ler.
Foi ela quem primeiro cantou e dançou para nós(tocando castanholas com os dedos) a célebre “Mana Chica do Caboio”
Assim... soube tornar embevecido esse menino, que viveu o bastante, para pôr no papel o que viu e ouviu encantado...
Se assim não aconteceu (ser a narrativa que fiz acima, parte do meu primeiro livro) foi porque achei que ao narrar um pouco da História de Campos dos Goytacazes, estaria abrindo o caminho para a ficção – filha que é da realidade.
Mesmo assim, estou certo em reafirmar que ela com seus contos, seus cantos e suas danças foi quem me fez despertar para as letras.
Visto isto, conto aqui a minha introdução como escritor com o “Gente que é nome de Rua”: depois de uma trajetória de produtor de novelas,programas humorísticos,rádio teatro,etc... pelas Rádios Cultura de Campos e Jornal Fluminense passei a produzir(a partir de 1978) um trabalho semanal,na “Campos Difusora”,intitulado :”Nossa Terra/Nossa Gente”. Nele, criei uma subseção chamada “Gente que é nome de Rua”.
Então, me ocorreu a ideia sobre o livro.Escreveria com esse título,um trabalho para-didático,visando ir ao encontro de estudantes e estudiosos da história de Campos.
Lançado o primeiro volume em 1986, veio o segundo volume(1988) e o terceiro em 2001.”