A CASA DO JOÃO - DE - BARRO
Crônica
(1993)
(Um dos vários recortes de jornais encontrados no acervo do escritor Waldir Carvalho)
Amante que sou da Natureza, certa vez em viagem para a minha querida baixada estacionei o carro sob a sombra de uma árvore frondosa e passei a me deliciar com o canto dos pássaros.
Foi quando, descobri entre a forquilha de um pé de jenipapo, uma casa de João - de - Barro. Até aí, nada demais! Bem... eu poderia embelezar a descrição do achado lembrando que - via de regra - a moradia tão bem erguida por aquele pássaro, costuma ser sobre o esbulho ou seja a tomada de assalto por preguiçosos periquitos, que nela se alojam para pôr seus ovos e ganhar seus rebentos.
Acontece que o que, realmente, me chamou à atenção, foi o fato de não ser uma casa de João - de - Barro qualquer: tinha dois andares...Um sobrado, sim senhor!
Deveria ser uma construção normal por aquelas bandas, mas foi a primeira que encontrei.
Como o bom senso me impediu de invadir o domicílio alheio, acabei ficando com e dúvidas que me perseguem: Teria o pássaro, João - de - Barro, penetrado no reino da Razão e progredido em seus projetos? Teria invejado os humanos, que moram em apartamentos?
Na verdade, acredito que tenha sido obra de outro João, que achando a base pronta, só teve o trabalho de levantar as paredes e o teto.
Todavia, prefiro a ilusão de acreditar, que os animais possam pensar até 10 vezes, antes de fazer alguma coisa.
Mesmo porque - acreditem - já vi em plena Av. Getúlio Vargas no Rio, um cãozinho só atravessar após olhar para um lado e para o outro...