terça-feira, 25 de abril de 2017

PRAÇA SÃO SALVADOR





Praça São Salvador
(Waldir Carvalho)

Do livro de crônicas: Só, na multidão

                                                (Crônica escrita pelos idos de 70)  

    Domingo. Cinco e meia da tarde. Tarde cinzenta desse outono que custou a chegar. Depois de uma volta pela cidade, encontro um lugar para estacionar o carro num dos lados da Praça Santíssimo Salvador. Corro os olhos por todos os lados e vejo tudo.
Poucas pessoas se movimentam.
Os bancos, quase todos estão vazios.
A maior parte das confeitarias estão fechadas. Seus proprietários, se não foram ao cinema, por certo estão à frente da televisão, em companhia do Sílvio Santos.
A Basílica Menor está aberta.
Junto ao Monumento do Expedicionário, pregadores evangélicos chegam ao final de suas doutrinações e se retiram em paz com suas consciências.
Passa, de surpresa, voltando à praça, um ônibus de turistas, olhares ávidos que procuram gravar as melhores impressões de uma cidade, cujo nome, de há muito anda longe.
Fecho os olhos.
Vejo mais coisas ainda. Vejo o passado, longe de ser o futuro que é este presente aí.
Vejo Plutões, Macarroni. Vejo o “Café Java” repleto. Vejo o “Andrade” e o “Ideal” despejando caldo de cana gelado na garganta quente dos forasteiros.
Vejo mais.
Vejo a “Brasileira” do português Sabino, matando a sede dos amantes da cerveja.
Vejo o Ponto Chic.
Vejo a fileira de bondes despejando gente de todos os bairros na porta sempre aberta do “Central”.
Vejo, finalmente, o povo reunido conversando festivamente ouvindo a música da Lira de Apolo ou Guarani.
E pensar que tudo isso e muito mais, passou de vez, sem promessa de voltar!
Era bom aquele tempo! Por que, então, não fazemos qualquer coisa no sentido de provar que a “história se repete”?




Nenhum comentário:

Postar um comentário