Na introdução,
assim relata o autor: “ Em primeiro lugar, necessário se faz explicar
o título deste livro - SÓ, NA MULTIDÃO ( datado de 1984), que reúne
crônicas, homenagens, monólogos, onde através dessas páginas, procuro expor
de maneira séria aqueles pensamentos, que me dominaram em várias
ocasiões.
Não se trata de, em momento algum, termos no
sentido: sós, isolados da multidão. Pelo contrário, estamos revelando que,
apesar da grande influência, que o ambiente exerce sobre nós, por várias vezes,
nos foi possível ficar a sós no meio de tantos e, observando o comportamento de
todos, encontrar motivos para as páginas que neste trabalho foram inseridas”.
Sendo assim... o blog reproduz uma das páginas, em cujo contexto vale uma reflexão. O título é:
AMANHÃ
( WALDIR CARVALHO)
“ Um dia a vida da gente se torna um lago
sereno a refletir o multicolorido das flores e o movimento silencioso das
nuvens. Mais do que isso.Traduz-se numa canção permanente de pássaros felizes
externando uma alegria que não conseguem deter.É tudo paz.Paz de causar
inveja.Paz de cartões de
Natal.Duradoura.Eterna...Quem disse?
De repente, tudo muda. O ar se enchendo
do aroma que exalam as masmorras, as aves passam inquietas e o vento do pior
vendaval a tudo açoita impiedosamente.
As portas e as janelas da nossa
existência são insuficientes para impedir todo um furioso temporal de intrigas,
infâmias e injustiças.
Somos arrastados sem saber como e
porque, mergulhados num oceano de incompreensões, tragados pelas ondas da
incerteza.
Mas, esse mesmo vento que tudo arrasa,que
tudo carrega, acaba por arrancar a página de um inspirado livro e colocá-la
casualmente ( se é que o acaso existe) em nossas mãos.Nela os nossos olhos vão
descobriras palavras do sábio: “Assim como o camelo suporta o trabalho, o
calor, a fome e a sede pelos arenosos desertos sem desmaiar, do mesmo modo a
fortaleza de um homem deve acompanhá-lo em todos os momentos de perigo”.
É intuitiva a mensagem de quem com
persistência soube colher da vida as melhores experiências. A lição é válida.
Amanhã é sempre um outro dia.Um
outro dia não deixa de ser uma risonha
promessa de esperança.E a esperança jamais deixou de constituir a mais sábia
das opções.
Saibamos esperar. Nada nos atina que o
melhor não virá. Tudo indica que o próprio mal é passageiro.
Não espera a bonança que passem as
longas horas da tempestade?Não espera a aurora de um radioso dia pelo sol que
se oculta por tanto tempo sob o manto negro da noite?
Saibamos suportar o trabalho, o calor, a
sede e a fome dos interesses contrários
estimulados pela força triunfal, que emana da consciência tranquila de todo
homem cumpridor do seu dever.
Nesta vida, tudo
passa.Nada fica.Nem a própria vida.”