Do livro :
”Se não me trai a memória” (2003)
(Waldir Carvalho)
GASTÃO MACHADO
"Após um período de muita ansiedade, o dia chegou.
Descemos do trem na Estação da Avenida e tomamos o bonde para o Centro.
Meu tio e mestre José Prisco e eu fomos ao encontro do jornalista e autor de “Campos Assim”, numa das mesas do Café Lord, na Treze de Maio, hoje Boulevard de Paula Carneiro.
Era uma casa de estilo colonial, com mesas de mármore e cadeiras austríacas.
Encontramos o bem humorado homem de Teatro em companhia do jornalista e maestro Prisco de Almeida. Foram apresentados José Prisco a Prisco José. O curioso fato foi festejado com média, pão com manteiga e boas gargalhadas.
A seguir, mostrei ao teatrólogo alguns dos meus escritos em forma de “skets”, nas quais procurava colocar em cena, acontecimentos do cotidiano recheados de diálogos naturais.
Após uma leitura dos mesmos, convidou-me a frequentar a sala do Diário Oficial, no Edifício Trianon, onde o encontro de intelectuais era constante e as tertúlias literárias valiam por verdadeiras aulas para principiantes nas letras.
Segui o precioso conselho e todas as semanas tirava um dia para assinar o ponto na mini Academia onde tive a ventura de conhecer figuras como os poetas Antonio Silva e Carlos Amorim; o escritor Godofredo Tinoco e consagrados atores, que se achavam atuando profissionalmente em Campos.
Aquela convivência foi de grande valia para mim.
Além de leituras de peças teatrais as conversas eram as mais interessantes.
Uma coisa curiosa: Gastão Machado atraía para aquele ambiente, entre outras pessoas, tipos curiosos, de rua, poetas populares cujas manifestações serviam de inspiração para escrever quadros alegres em suas festejadas revistas teatrais encenadas no Teatro Paris.
Foi dessa forma, que eu também me inscrevi na “escola” do grande Gastão Machado.