VISITA A MÁRIO
QUINTANA
Waldir Carvalho
(Crônica escrita e
publicada na FOLHA DA MANHÃ em 21de outubro de 1989)
“Nosso sonho era antigo. Finalmente chegou
a hora.Escolhemos os dias que assinalam o auge da Primavera.
Deixamos
a terra de Azevedo Cruz, nossa Campos dos Goytacazes,em direção a Porto Alegre,onde
o saber costuma jorrar em forma da mais bela poesia, a poesia do criador de “Canções”,
“Sapato Florido”,”Baú de Espantos”...E o endereço? “A Rua dos Cataventos”. Quem
nos guiaria? “O Aprendiz de Feiticeiro”...
Fomos.
Eu e meus queridos familiares(outro dia falarei das cidades em forma de jardins
floridos e dos granitos multicoloridos, que servem de piso às ruas de Porto
Alegre)
Desta feita, tenho pressa em relatar o
encontro emocionante com o grande poeta e homem de letras brasileiro,MÁRIO QUINTANA, que como um deus
grego,escolheu o extremo sul deste país para surgir e dele fazer o seu Olimpo.
As portas do seu refúgio no oitavo andar
do Hotel Residencial foram abertas.
A seguir, como reflexo de um “Espelho
Mágico” a deixar transparecer a própria “Cor do Invisível” ali estava o quadro:a sala-biblioteca,ornada
de livros e no centro, de mãos apertadas,eu e Mário Quintana...
Na face do octogenário, a mais terna simplicidade
de um sorriso acolhedor.Sempre alegre tomou um exemplar e fez dedicatória.(...)
Ao me despedir, no fim da tarde
ofereci-lhe o me “ Escravo Cirurgião”, a guisa de passatempo.
Surpreendeu - se com o leitor que o visitava.E quando soube
tratar-se de algo que fora apresentado no rádio,deleitou-se em recordar de seus
primórdios na radiofonia.
E quando do aperto de mão, final, Mário
Quintana,apontando um ferimento ocasional no braço (o braço esquerdo do poeta
achava-se preso à uma tipóia) fez questão de dizer: ‘- Quero que leve a
impressão de ter conhecido,não um poeta de pé quebrado mas de mão quebrada’...”
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