sábado, 10 de maio de 2014

À QUERIDA MÃE AUSENTE (CRÔNICA/ 1959)

                                          


                                               À QUERIDA MÃE AUSENTE
                                                              Waldir Carvalho

(Crônica  escrita para o quadro “A Nossa Homenagem” radiofonizada pela Rádio Jornal Fluminense- Maio de 1959)
     
      “Peço licença para dedicar as palavras desta crônica a u’a mãe ausente - a minha mãe. Deixou este mundo há quinze anos. Reside agora no plano que Deus, sabiamente, lhe soube reservar.
      É véspera do dia consagrado às Mães.
     As canções que nestas últimas horas têm chegado aos meus ouvidos, me levam a meditar.
     Busco silêncio.
    Em minha meditação, eis que - milagrosamente - surge a imagem daquela, que por vontade do Criador, me trouxe à luz do mundo.
   Ei-la  refletindo no espelho de minha memória com sua face feita de ternura; com seus longos cabelos negros ;com sua voz suave escapando dos lábios em forma de amor santificado.
   Ei-la nos seus quarenta anos, entregue ao labor de todos os dias; cuidando da espaçosa casa; das flores no jardim; multiplicando as plantas no pomar; guiando seus cinco filhos.
   Ei-la abençoando-me pela manhã; conduzindo-me à escola; preparando minha roupa para o baile.
   Ei-la transmitindo um conselho sábio; presenteando os vizinhos mais pobres; perdoando uma vez mais as ofensas recebidas.
   Ei-la ornamentando o último carro de canas ao sair da lavoura; a gratificar os “cantadores de reis”; a receber os meus amigos nos dias de festa.
    Ei-la com a face alegre; com seu rosto triste...
   Ei-la, finalmente, nos seus quarenta e nove anos , mas no fim de sua vida
  .Ei-la enferma,  transformada, adivinhando a sua própria transição.
   Ei-la agonizante em seus instantes finais, com a sua expressão serena, com a sua alma em paz, como em todos os momentos da vida.
 Partiu. Basta-me a saudade... uma saudade,que cada vez cresce mais em meu coração.”
Refletindo o sentimento de tantos filhos, que ouvem neste instante, que quis prestar neste momento, À NOSSA QUERIDA MÃE AUSENTE a mais sincera e comovida homenagem!”


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