À QUERIDA MÃE
AUSENTE
Waldir Carvalho
(Crônica escrita para o quadro “A Nossa Homenagem”
radiofonizada pela Rádio Jornal Fluminense- Maio de 1959)
“Peço licença para dedicar as palavras
desta crônica a u’a mãe ausente - a minha mãe. Deixou este mundo há quinze
anos. Reside agora no plano que Deus, sabiamente, lhe soube reservar.
É véspera do dia consagrado às Mães.
As canções que nestas últimas horas têm
chegado aos meus ouvidos, me levam a meditar.
Busco silêncio.
Em minha meditação, eis que -
milagrosamente - surge a imagem daquela, que por vontade do Criador, me trouxe
à luz do mundo.
Ei-la
refletindo no espelho de minha memória com sua face feita de ternura;
com seus longos cabelos negros ;com sua voz suave escapando dos lábios em forma
de amor santificado.
Ei-la nos seus quarenta anos, entregue ao
labor de todos os dias; cuidando da espaçosa casa; das flores no jardim; multiplicando
as plantas no pomar; guiando seus cinco filhos.
Ei-la abençoando-me pela manhã;
conduzindo-me à escola; preparando minha roupa para o baile.
Ei-la transmitindo um conselho sábio;
presenteando os vizinhos mais pobres; perdoando uma vez mais as ofensas
recebidas.
Ei-la ornamentando o último carro de canas
ao sair da lavoura; a gratificar os “cantadores de reis”; a receber os meus
amigos nos dias de festa.
Ei-la com a face alegre; com seu rosto
triste...
Ei-la, finalmente, nos seus quarenta e nove
anos , mas no fim de sua vida
.Ei-la enferma, transformada, adivinhando a sua própria
transição.
Ei-la agonizante em seus instantes finais,
com a sua expressão serena, com a sua alma em paz, como em todos os momentos da
vida.
Partiu. Basta-me a saudade... uma saudade,que
cada vez cresce mais em meu coração.”
Refletindo o sentimento
de tantos filhos, que ouvem neste instante, que quis prestar neste momento, À
NOSSA QUERIDA MÃE AUSENTE a mais sincera e comovida homenagem!”
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