Crônica extraída do livro "SÓ, NA MULTIDÃO"
(Waldir Carvalho)
No tempo do Hidrolitol
Waldir
Carvalho
O pensamento me levou aos idos de mil
novecentos e tanto, quando a sede era combatida (principalmente, em dias de
calor) em primeiro lugar,pelo tradicional caldo de cana e em segundo, por um
refrigerante conhecido por “Hidrolitol”.
Não vamos cometer o pecado de dizer que
não havia, por exemplo, de capilé ou groselha, que era um xarope misturado com
água gelada na hora. Nem tão pouco vamos esquecer da soda limonada,que era uma
das melhores coisas.
A coqueluche, entretanto, naqueles dias
a que estou voltando o pensamento era o
Hidrolitol.Era uma bebida bastante gasosa, gostosa e que na impressão de
qualquer criança dava a nítida ideia de espetar a língua quando ingerido às
pressas.E como era saboroso o Hidrolitol!
Lembro-me bem: era na descida da Av 7 de
setembro.O estabelecimento era pequeno, mas atendia a todos.A freguesia formava
fila.Entrava um tostão,virava o copinho avermelhado e ia embora contente...
Afirmavam até que o tal refrigerante, que
nada tinha de especial a não ser o poder de “curar” o pau-d’água já em último
grau...
Hoje é só lembrança. Quem quiser tomar Hidrolitol
terá que ir a Niterói.
E se está em jogo a tradição,em lugar de
viajar, melhor matar a sede com o caldo de uma cana tirada no canavial...
(outono/1984)
Grato pela lembrança.Ninguém mais ouve falar do Hidrolitol, mas ele me lembra as tarde de verão com papai na Cinelândia do Rio nos anos 50. Lá ele comprava o pacotinho de sais para fazer em casa ou tomava ali mesmo aquela bebida maravilhosa.
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