sexta-feira, 18 de março de 2016

NO TEMPO DO HIDROLITOL

                           
                         Crônica extraída do livro "SÓ, NA MULTIDÃO"
                                                   (Waldir Carvalho)

                                No tempo do Hidrolitol
                                               Waldir Carvalho
        O pensamento me levou aos idos de mil novecentos e tanto, quando a sede era combatida (principalmente, em dias de calor) em primeiro lugar,pelo tradicional caldo de cana e em segundo, por um refrigerante conhecido por “Hidrolitol”.
       Não vamos cometer o pecado de dizer que não havia, por exemplo, de capilé ou groselha, que era um xarope misturado com água gelada na hora. Nem tão pouco vamos esquecer da soda limonada,que era uma das melhores coisas.
        A coqueluche, entretanto, naqueles dias a que estou voltando o pensamento era  o Hidrolitol.Era uma bebida bastante gasosa, gostosa e que na impressão de qualquer criança dava a nítida ideia de espetar a língua quando ingerido às pressas.E como era saboroso o Hidrolitol!
       Lembro-me bem: era na descida da Av 7 de setembro.O estabelecimento era pequeno, mas atendia a todos.A freguesia formava fila.Entrava um tostão,virava o copinho avermelhado e  ia embora contente...
      Afirmavam até que o tal refrigerante, que nada tinha de especial a não ser o poder de “curar” o pau-d’água já em último grau...
      Hoje é só lembrança. Quem quiser tomar Hidrolitol terá que ir a Niterói.

     E se está em jogo a tradição,em lugar de viajar, melhor matar a sede com o caldo de uma cana tirada no canavial... 
                            (outono/1984)

Um comentário:

  1. Grato pela lembrança.Ninguém mais ouve falar do Hidrolitol, mas ele me lembra as tarde de verão com papai na Cinelândia do Rio nos anos 50. Lá ele comprava o pacotinho de sais para fazer em casa ou tomava ali mesmo aquela bebida maravilhosa.

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