domingo, 8 de dezembro de 2013

UMA CRÔNICA NO DOMINGO


AMANHÃ
(CRÔNICA DE WALDIR CARVALHO)

Do livro: "SÓ, NA MULTIDÃO"
(1984)

   “Um dia a vida da gente se torna um lago sereno a refletir o multicolorido das flores e o movimento silencioso das nuvens. Mais do que isso. Traduz-se numa canção permanente de pássaros felizes externando uma alegria que não conseguem deter. É tudo paz. Paz de causar inveja. Paz de cartões  de Natal. Duradoura. Eterna... Quem disse?
   De repente, tudo muda. O ar se enchendo do aroma que exalam as masmorras, as aves passam inquietas e o vento do pior vendaval a tudo açoita impiedosamente.
  As portas e as janelas da nossa existência são insuficientes para impedir todo um furioso temporal de intrigas, infâmias e injustiças.
  Somos arrastados sem saber como e porque, mergulhados num oceano de incompreensões, tragados pelas ondas da incerteza.
   Mas, esse mesmo vento que tudo arrasa,que tudo carrega, acaba por arrancar a página de um inspirado livro e colocá-la casualmente (se é que o acaso existe) em nossas mãos. Nela os nossos olhos vão descobriras palavras do sábio: “Assim como o camelo suporta o trabalho, o calor, a fome e a sede pelos arenosos desertos sem desmaiar, do mesmo modo a fortaleza de um homem deve acompanhá-lo em todos os momentos de perigo”.
  É intuitiva a mensagem de quem com persistência soube colher da vida as melhores experiências. A lição é válida.
   Amanhã é sempre um outro dia. Um outro  dia não deixa de ser uma risonha promessa de esperança. E a esperança jamais deixou de constituir a mais sábia das opções.
   Saibamos esperar. Nada nos atina que o melhor não virá. Tudo indica que o próprio mal é passageiro.
   Não espera a bonança que passem as longas horas da tempestade? Não espera a aurora de um radioso dia pelo sol que se oculta por tanto tempo sob o manto negro da noite?
   Saibamos suportar o trabalho, o calor, a sede e  a fome dos interesses contrários estimulados pela força triunfal, que emana da consciência tranquila de todo homem cumpridor do seu dever.
   Nesta vida, tudo passa. Nada fica.Nem a própria vida.”



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