domingo, 27 de julho de 2014

LEMBRANDO WALDIR CARVALHO

                                

                                                    Tempo de lembrar
                                                                        Walnize Carvalho
     (Crônica publicada hoje no "O Diário") 

Neste 27 de julho, se ainda  estivesse entre nós, meu pai - Waldir Carvalho -  estaria completando 91 anos, dos quais, 84 -  familiares e  amigos -  desfrutaram de seu convívio.
       A minha lembrança - homenagem desta vez, a  faço utilizando palavras escritas por ele mesmo e que ficaram patenteadas em seu livro: SÓ, NA MULTIDÃO, no qual o autor revela pensamentos que o dominaram em várias ocasiões ,distribuídos em oitenta e duas crônicas.
      Nele, o escritor compôs três delas sobre os títulos sugestivos de: “Tempo de Nascer”,  “Tempo de Viver”e “Tempo de Morrer”.
      Dessa forma, irei extrair fragmentos de cada uma delas (sem macular a essência da escrita) e transcrevê-las aqui, neste domingo de saudades.
     Escreveu assim, Waldir Carvalho:
      “Do sonho de dois corações que se amam, acaba surgindo uma doce realidade: o casamento.
       Tempos depois, algo virá para selar o grande amor: o filho.  
       A nova ansiedade cresce no coração do casal. E os planos são tantos!A imaginação evolui, ganha proporções incomparáveis. Menino? Menina? Tanto faz!
      As horas passam e nasce o pequeno ser.
      O choro da criaturinha parece ter a percepção antecipada e intuitiva de que irá viver em um  Mundo - Escola em que as provas - quase todas -  serão eliminatórias.
      Desse pequeno ser, muito se espera; muito se oferece.
       Ele se torna fonte de toda expectativa, alvo de todas as atenções e núcleo de todas as alegrias.
      E o tempo passa... A criança, livre de maiores amparos procura trilhar o caminho com seus próprios pés. Cabe a ela seguir; dar resposta na proporção de seus atos; pedir conselhos; amparar seus semelhantes.
      É hora de fundir novas matizes; de modelar formas produtivas; usufruir desse seu tempo de jovem,onde a mente está apta para as mais arrojadas criações e  assim justificar a sua passagem entre os mortais...
      É chegado o terceiro tempo.
      O desgaste natural, do invólucro cansado de transportar o verdadeiro ser, é prenúncio da grande transformação, que faz parte do aprendizado.
      É o momento de reunir as experiências vividas, na esperança de que seus exemplos e atos sirvam de modelo para os que buscam a fórmula de um bem viver.
     Vale como reflexão desse novo momento, uma lenda que conta: ‘Um homem de avançada idade estava plantando uma mudinha de pessegueiro,quando foi interpelado por um vizinho,que indagou: - Pretende comer pêssego desse pessegueiro? O ancião, tranquilamente, apoiando o corpo sobre a pá, que tinha nas mãos, respondeu em tom sereno: - Não, meu caro! Estou certo, de que com minha idade, isso não será possível! Porém, devo dizer que, durante toda a minha vida saboreei pêssegos... mas nunca plantados por mim mesmo’.
    Acredito que, todo aquele que chega ao limiar de uma nova forma de existência e tem a certeza de praticou o Bem, sem visar recompensa, está certo de que cumpriu sua missão.
     O que importa é termos usado a força de nossos braços, o poder de nossos pensamentos e a energia de nosso coração na tarefa de ser útil ao nosso semelhante.”

      Assim... neste tempo de lembrar do pai, avô, bisavô, esposo, irmão, amigo, o  escritor nos revela a essência do homem imbuída em seu ser.




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