Com a intenção de lembrar do escritor,que no próximo domingo - se estivesse entre nós - faria 91
anos,que o Blog( criado para trazer aos antigos e novos leitores a vida e obra do autor campista ) que como filha e leitora do mesmo irei transcrever trechos do seu livro biográfico:"Se Não Me trai a Memória":
WALDIR E A PROFISSÃO DE ALFAIATE
(O autor aos 17 anos)
WALDIR E A PROFISSÃO DE ALFAIATE
Assim nos narra Waldir Carvalho:
“À partir de 1936 e durante algum tempo estive de dedal e agulha na mão, pés tocando a velha SINGER na entrega total de confeccionar roupas, atender fregueses de todos os gostos e temperamentos.
E foram semanas inteiras - muitas vezes – incluindo ensolarados domingos cortando, costurando, passando... E foram serões de varar a madrugada.
Contra o sono, o café mantido quente pelas brasas do ferro de passar; contra os que não pagavam ou demoravam a pagar e a paciência de esperar pela quitação que nem sempre ocorria; contra o desânimo pela escolha do ofício... Contudo, a esperança de dias melhores.
Não foi fácil suportar a impertinência do freguês, que nos fez crescer mais meio centímetro na manga do seu paletó; daquele que desejava uma calça sem rugas quando tivesse montado a cavalo; daquele que não queria ver enrugadas as mangas do seu paletó caqui, quando erguesse os seus braços para frente...
Mas, apesar de tudo, foi bom servir pessoas reconhecidas, amáveis, incentivadores. Foi bom ter podido, com a profissão, sustentar a família, educar as 3 filhas e saldar todos os compromissos.
Que importa as noites mal dormidas se outros dias vieram radiosos da cor exata das nossas esperanças? Que importa! Valeu a pena!”
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Nas páginas do referido livrinho, conta fatos interessantes de sua primeira profissão e enaltece os colegas alfaiates Entre eles, nomes como: Moreno, Otoniel, Alamir, Alcides, Otaciano, Lourinho, Mário Jobel, Paulo Alvarenga, Chico Alpache, Manfredo Filho, João Raimundo, Jacy, Clério, Ivanil, Joel , Carlos Alberto, Pedro Ferreira , José Bila, José Siqueira.
E complementa:
“Sou alfaiate
do primeiro ano
pego na tesoura
e vou cortando o pano...”
Luiz Gonzaga
RETALHOS DE LEMBRANÇAS:
- Além de minha irmã Lili, tive como auxiliares de alfaiataria: as cunhadas Waltéa e Vivi;Walnize(filha) meio desajeitada tirando os alinhavos e Zedir (filha) que ajudou a vender calças curtas para meninos.
- Costurei para o tio Vevelho. Foi o primeiro dinheiro que recebi na alfaiataria.
- um grande desafio foi fazer um modelo todo drapeado, copiado de um figurino trazido por uma francesa chamada Juliette.
- Fiz um traje para Jucila Silva se apresentar em um desfile no Trianon. O modelo tinha como complemento uma Cana - de - açúcar (fiz em cetim com enxerto de algodão).
- Das peças que costurava, a que me dava mais trabalho era o paletó.
a armação do terno era feita pela minha irmã Lili que,usando entretela, cortava a cava bem certinha para não espetar as pessoas, já que o enchimento era de capim.
- Das lições do Curso de Alfaiataria, constavam:'camisa pagã',batinas de padre e 'taillers'.
- Fiz as mangas do vestido de noiva da filha Walnize, pois necessitavam de talho de alfaiate.
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