terça-feira, 24 de setembro de 2013

CRÔNICA - POEMA

LUA CHEIA EM SÃO THOMÉ
(Waldir Carvalho)

        Findou-se a tarde em companhia do sol que caiu cansado nos braços da serra do Itaóca. A pálpebra da noite desce irresistivelmente sobre a nossa cabeça.
     Tudo indica que o manto escuro que nos envolve, impedirá até mesmo que haja a luz das estrelas.
Da quietude da varanda, ouve-se o canto das ondas lá do mar, o ambiente é de paz em nossa volta. Há um pouco de tristeza sem motivo a nos invadir o pensamento.  
      Mas, os instantes que se seguem, são prenúncio de uma alegria incomum: somos, então, atraídos para o horizonte na direção do nascente.
     A iluminação indireta que se projeta do fundo das águas, embeleza com requinte o proscênio do palco, onde a natureza, em pouco irá representar.
     Não há no espaço nuvens privilegiadas a serem banhadas de prata em primeiro lugar. Só o azul do céu serve de prisma e é capaz de traduzir o esplendor que não tarda.
     Silêncio. O momento é místico e a cena sagrada.  O mar, o vento, tudo se curva com reverência ante o grande altar. Por trás do imenso cálice que se transborda cá na areia, eleva-se a grande hóstia para a comunhão das criaturas. Nossa alma, nesse momento de contrição, se faz em prece.
     Não custa nada orar pelos homens que podem  promover a paz. Vale a pela convencê-los a amar uns aos outros. Provando que o amor é a única força capaz de garantir a felicidade do mundo, a lua cheia que segue a sua jornada por entre os astros do firmamento, vai derramando, fraternamente, sua luz bendita sobre justos e injustos,sobre crentes e ateus, sobre árabes e judeus, na esperança, talvez, de que um dia a paz seja, também, de todos — Universal.


Nenhum comentário:

Postar um comentário