Waldir Carvalho
Waldir
Pinto de Carvalho, filho de Antônio Pinto Pessanha e d. Carmelina da Conceição
Carvalho Pessanha, nasceu na Fazenda Ciprião, 5
distrito de Campos, próximo a Santo Amaro, no dia 27 de julho de 1923.
Filho de
plantador de canas, aprendeu as primeiras letras com seu tio Zezé Prisco, dono
de um colégio particular, e mais tarde escrivão do 3 distrito. Continuou a estudar como
autodidata.
Enquanto se
dedicava à profissão de alfaiate, foi assaltado pela idéia de escrever, sendo o
teatro a sua forte vocação, razão bastante para não perder o lançamento de
peças no extinto Teatro Paris, na rua 13 de Maio.
Casando-se
em 1946 com a Srta. Zeni Pereira de Carvalho, filha de Domingos Pereira Filho e
d. Magalona Pereira da Cunha, transferiu-se para a cidade-sede do município. Em
1948, descoberto pelo locutor Agnaldo Batista, passou a colaborar com a Rádio
Cultura de Campos com uma página humorística: “Jornal de Ontem”. A seguir,
produziu para o animador HernonViana, que o lançou profissionalmente, o quadro
“O Dr. Mata A. Machado”.
Em 1951
deixou seu cargo de contra-mestre na alfaiataria de João Waked, isto porque
indicado por Prisco de Almeida, foi contratado como redator-produtor por Dr.
Mário Ferraz Sampaio para a Rádio Cultura que na época mantinha uma programação
no estilo da Rádio Nacional.
Durante 10
anos ali esteve dando expansão à sua vocação de escritor. Na Cultura produziu
esquetes, crônicas, legendas para musicais e, sobretudo contribuiu para a
criação da sua seção de rádio-teatro.
Durante
este período escreveu com especial dedicação peças completas e rádio-novelas,
destacando-se entre estas, “Almas Negras”, “Melodia da Alma”, “A Sentença
Divina” (tendo como tema o controle da natalidade), “A Canção de Ninar” (tema
judical sobre doação). Como novidade criou a rádio-novela histórica,
focalizando os heróis campistas, quando foi homenageado pela Câmara Municipal
em virtude de ter feito a novela “A Epopéia de Patrocínio”, a qual passou a
integrar a programação oficial da Municipalidade do centenário de nascimento do
“Tigre da Abolição”, conforme iniciativa do Dr. Ewerton Paes da Cunha, então
Diretor de Educação da Prefeitura.
Teve
radiofonizada novelas no Cairo (Egito) em parceria com Kamal Abbas.
Em 1960, o
prefeito Dr. José Alves de Azevedo o nomeou tesoureiro da Prefeitura. Em 1973,
com 50 anos da idade e já vovô, resolveu oficializar seus conhecimentos fazendo
exames de cursos supletivos e tendo ingressado no mundo universitário. Em 1978
formou-se em Direito. Todavia, nem o seu cargo público ou a sua nova profissão
o impediram de continuar escrevendo.
A partir de
1974, e durante dois anos, produziu semanalmente uma rádio-reportagem histórica
sobre Campos para a Campos Difusora, sob o título de “Nossa Terra, Nossa
Gente”.
Participou
de toda a vida cultural de Campos, inclusive tendo participado no Festival de
Cinema Super-8 com os filmes: “A Carona” e “Desajsute”.
Colaborou
com todos os jornais de Campos e como quase todas emissoras radiofônicas da
cidade. Em 1980, através das páginas de “A Notícia”, publicou aos domingos e,
em forma de folhetim, uma peça para teatro intitulada “Essa gente Bem...”, uma
sátira à sociedade campista. Encerrou participação em jornais no “Monitor
Campista” em 2003.
Foi membro
das seguintes instituições culturais: Academia Pedralva – Letras e Artes;
Academia Campista de Letras (em ambas ocupou a presidência); Instituto Campista
de Literatura; União Brasileira de Trovadores; Academia Pan-Americana de Letras
e Artes; Instituto Histórico de Campos dos Goytacazes; Cenáculo Fluminense de
História e Letras (Niterói); I. L. A. (Bom Jesus do Itabapoana); Academia
Fluminense de Letras (Niterói, onde ocupou a cadeira do campista Azevedo Cruz).
Recebeu
diversas honrarias, destacando-se: Medalha de “Honra ao Mérito” – conferida
pelo Rotary Blub São Salvador (1980); Ordem Municipal do Mérito – conferida
pela Câmara e Executivo municipais (1991); Diploma dos 100 anos de fundação –
conferido pela Associação Comercial e Industrial de Campos (1991); Prêmio Municipal
de Cultura “Alberto Lamego” – conferido pela Fundação Cultural Jornalista
Oswaldo Lima (1992); Ordem do Mérito “Benta Pereira” – conferida pela Câmara e
Executivo municipais (1993); Diploma e Medalha Tiradentes – conferidos pela
Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Projeto do Deputado Barbosa
Lemos) em 1994; Diploma da Acadêmico Correspondente – conferido pela Academia
Itaocarense de Letras (1995) e Moção pela Câmara Municipal de Campos dos
Goytacazes (1995).
Autor dos
seguintes livros: “Gente que é nome de Rua”, volumes I (1986), II (1988) e III
(2001); “Na Terra dos Heréos”, volumes I (1987) e II (1996) e III (1999); “O
escravo cirurgião” (1988); “Cantos e Contos” (1989); “Campos depois do
Centenário”, volumes I (1991), II (1995) e III (2000); “A Roda dos Expostos”
(1994); “O Sorteado” (1994); “Até que chegue a Primavera” (1997); “Padre Nosso”
(1998) e “Se não me trai a memória” (2003).
Como o
autor dizia “somos todos uma obra inacabada”, deixou vários escritos inéditos
que vão desde peças teatrais, crônicas, contos e um roteiro para TV (“Benta
Pereira ou O Levante”).
Veio a
falecer em 31 de dezembro de 2007 deixando viúva, três filhas, seis netos e
três bisnetos.
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