Praça São Salvador
(Waldir Carvalho)
(Waldir Carvalho)
Domingo. Cinco e meia da tarde. Tarde cinzenta
desse outono que custou a chegar. Depois de uma volta pela cidade, encontro um
lugar para estacionar o carro num dos lados da Praça Santíssimo Salvador. Corro
os olhos por todos os lados e vejo tudo.
Poucas pessoas se movimentam.
Os bancos, quase todos estão vazios.
A maior parte das confeitarias estão fechadas. Seus
proprietários, se não foram ao cinema, por certo estão à frente da televisão,
em companhia do Sílvio Santos.
A Basílica Menor está aberta.
Junto ao Monumento do Expedicionário, pregadores
evangélicos chegam ao final de suas doutrinações e se retiram em paz com suas
consciências.
Passa, de surpresa, voltando à praça, um ônibus de
turistas, olhares ávidos que procuram gravar as melhores impressões de uma
cidade, cujo nome, de há muito anda longe.
Fecho os olhos.
Vejo mais coisas ainda. Vejo o passado, longe de ser
o futuro que é este presente aí.
Vejo Plutões, Macarroni. Vejo o “Café Java” repleto.
Vejo o “Andrade” e o “Ideal” despejando caldo de cana gelado na garganta quente
dos forasteiros.
Vejo mais.
Vejo
a “Brasileira” do português Sabino, matando a sede dos amantes da cerveja.
Vejo o Ponto Chic.
Vejo a fileira de bondes despejando gente de todos
os bairros na porta sempre aberta do “Central”.
Vejo, finalmente, o povo reunido conversando
festivamente ouvindo a música da Lira de Apolo ou Guarani.
E pensar que tudo isso e muito mais, passou de vez,
sem promessa de voltar!
Era bom aquele tempo! Por que, então, não fazemos
qualquer coisa no sentido de provar que a “história se repete”?
(Crônica escrita pelos idos de 70)
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